Taxa de sobrevivência de empresas no Sul do Brasil é a maior do país

Dos 5,196 milhões de endereços empresariais formais registrados em 2021, mais de 1,3 milhões estavam na região Sul do país, sendo 1,1 milhão sobreviventes, o que representa uma taxa de aproximadamente 84,1%, a maior do país. “Uma unidade local tem maior probabilidade de sobrevivência estando na região Sul, em comparação com as demais regiões”, observa o analista de demografia das empresas do IBGE, Eliseu Oliveira. Os dados estão na pesquisa Demografia das Empresas e Estatísticas de Empreendedorismo, divulgada nesta quinta-feira.

Das unidades locais de empresas criadas em 2011 nos estados do Sul, 25,7% permaneceram até 2021. Em relação a outras regiões, a Norte apresentou taxa de 17,7% de sobrevivência em dez anos, a Nordeste, 19,5%, a Sudeste, 22,2% e a Centro Oeste, 21,6%.

Considerando apenas o Rio Grande do Sul, havia 444,7 mil unidades locais ativas em 2021. Do total, 380,8 mil eram sobreviventes e 63,8 mil entrantes. “Isso vai dar uma taxa de sobrevivência de 85,6% e taxa de entrada de 14,4%. Naquele ano, saíram 43,5 mil unidades locais, taxa de saída de 9,8%”, informa Oliveira. Essas empresas empregavam 2,151 milhões pessoas assalariadas.

Das áreas mais fortes no RS, estavam o comércio (32,1%), atividades profissionais científicas e técnicas (11,6%) e indústria de transformação (7,5%) no ano de 2021. Conforme Oliveira, o IBGE considera nesta pesquisa como unidade local, os endereços onde as atividades são executada. Portanto, uma empresa pode ter mais de uma unidade.

Resultado nacional 

No âmbito nacional, no ano de 2021, 82,2% das empresas ativas eram sobreviventes, 4,3 milhões. A idade média das empresas era de 11,4 anos. As demais (17,8%) existentes foram as que entraram no mercado, 926,1 mil empresas (776,9 mil nascimentos e 149,1 mil reentradas). A taxa de entrada de empresas foi de 17,8%, enquanto a taxa de saída ficou em 11,7%, a mais baixa da série histórica.

Em 2021, 605,8 mil empresas tiveram suas atividades encerradas, o que, considerando também as entradas, gerou um saldo positivo de 320,2 mil empresas a mais no ano, o maior da série histórica da pesquisa. Segundo Thiego Ferreira, o saldo positivo no número de empresas foi mais influenciado pela queda na taxa de saída. No ano anterior, em 2020, a taxa de entrada foi de 16,9%, enquanto a taxa de saída foi de 13,0%, gerando um saldo positivo mais modesto, de 192 mil empresas a mais.

O segmento de comércio foi o que mais contribuiu para o saldo positivo de 2021, com 66 mil empresas a mais, seguido pelos ramos de atividades profissionais, científicas e técnicas, mais 53,4 mil, e saúde humana e serviços sociais, mais 45,2 mil.

Recorde 

O registro de 5,196 milhões de entidades empresariais formais foi considerado um recorde. Em dois anos de pandemia, houve abertura líquida de mais de 512 mil empresas privadas no País. Foi o terceiro ano seguido de saldos positivos na abertura de empresas, depois de cinco anos consecutivos de extermínio de companhias.

Segundo o IBGE, o bom desempenho pode ter influência de diferentes fatores, entre eles os incentivos do governo a empresas e manutenção de empregos durante a crise sanitária, e a mudança recente na metodologia de cálculo do levantamento do IBGE, que tem como base o Cadastro Central de Empresas (Cempre) – e passou a incorporar também as informações do eSocial, num processo de substituição gradativa dos dados da Rais (Relação Anual de Informações Sociais).

Outro elemento que pode ter influenciado o resultado é o chamado empreendedorismo por necessidade, movimento de abertura de CNPJs por trabalhadores que perderam seus empregos ou que precisaram complementar a renda da família. “Isso a gente vai ver principalmente nas empresas de pequeno porte. O crescimento acelerado fora do comum nas empresas de pequeno porte, que não contratam trabalhadores, significa que pode haver ali indicativo de empreendedorismo por necessidade”, diz Thiego Ferreira, gerente da pesquisa do IBGE.

O retrato apresentado pela pesquisa considerando o porte da empresa mostra que o recorde foi puxado justamente pela abertura de CNPJs sem pessoal ocupado assalariado, ou seja, sem funcionários contratados. Esse universo de empreendedores alcançou um ápice de 2,748 milhões em 2021.

Em três anos de crescimento, o país ganhou mais de 728 mil entidades empresariais desse porte, sendo 439 mil delas abertas nos dois anos de pandemia (2020 e 2021). No grupo de empresas de um a nove trabalhadores assalariados, havia 1,976 milhão de empresas ativas, 71 mil a mais que no ano anterior, mas ainda aquém do recorde de quase 2 milhões alcançado em 2015.

Na faixa que empregava dez ou mais funcionários assalariados, havia pouco mais de 472 mil empresas ativas, quase 29 mil a mais do que em 2020, mas ainda abaixo do auge, de cerca de 489 mil companhias existentes, em 2014.

Em 2021, as quase 5,2 milhões de empresas ativas no país empregavam 41,7 milhões de pessoas ocupadas, sendo 34,3 milhões (82,4%) como assalariadas e 7,3 milhões (17,6%) na condição de sócios ou proprietários. Os salários e outras remunerações pagos por essas entidades totalizaram R$ 1,2 trilhão. O salário médio mensal foi de R$ 2.823,92.

O levantamento mostrou ainda que houve um aumento de 13,4% no número de empresas empreendedoras no país, totalizando 27,6 mil companhias de alto crescimento em 2021. As empresas de alto crescimento, chamadas de empreendedoras, são aquelas com pelo menos 10 empregados assalariados que aumentaram as contratações acima de 20% ao ano por três anos.

Em 2021, as empresas empreendedoras ocupavam 3,971 milhões de assalariados, um aumento de 11,7% no total de funcionários atuando nessas entidades empresariais em relação ao ano anterior. O levantamento do IBGE compreende apenas as entidades empresariais privadas consideradas ativas, ou seja, exclui órgãos da Administração Pública, entidades sem fins lucrativos e organizações internacionais listadas no Cempre. Os Microempreendedores Individuais (MEI) também não são considerados no estudo, frisou o IBGE.

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