80 ENTIDADES MÉDICAS REITERAM PROIBIÇÃO DA VENDA DE VAPE NO BRASIL
Em abril deste ano, a Anvisa decidiu, por unanimidade, seguir com a proibição da fabricação, importação e venda de cigarros eletrônicos no país, mantendo a posição que apresenta desde 2009. Porém, caso a liberação avance no Senado, o projeto será enviado à Câmara dos Deputados sem a necessidade de aprovação da agência.
No projeto de lei, a senadora argumenta que a proibição “foi justificada com base em um dos princípios da vigilância sanitária, o princípio da precaução, pois naquele momento pouco se sabia sobre os produtos”. De lá para cá, contudo, houve aumento do uso mesmo sem liberação e impedir a comercialização seria como “tapar o sol com a peneira”, acrescenta. O texto de Soraya, redigido em 2023, defende que “a proibição não tem funcionado para endereçar a situação, demandando regras rígidas de comercialização” e contrapõe a resolução da Anvisa a uma aprovação da agência americana, a Food and Drug Administration (FDA).
Caso sejam liberados, os cigarros eletrônicos deverão ser taxados e os impostos arrecadados, conforme estimativas dos apoiadores da proposta no Senado, chegariam a R$ 2,2 bilhões ao ano. Esse valor, porém, não cobriria os gastos com Saúde, rebatem os médicos, já que o crescimento no número de doenças respiratórias seria intenso, necessitando de mais investimentos no Sistema Único de Saúde (SUS) – apenas em 2022, o Brasil gastou R$ 153,5 bilhões com despesas médicas e em perda de produtividade provocadas pelas consequências do uso do tabaco.
“Já foi comprovado, há muitos e muitos anos, que o dano do tabagismo é muito maior do que o governo arrecada de impostos com o cigarro. Os danos do cigarro eletrônicos também vão se sobrepor aos possíveis pseudo benefícios”, reforça Meirelles.
“Hoje temos a Evali, doença pulmonar associada aos produtos de cigarro eletrônico ou vaping, que já é uma doença específica disso, fora outros riscos ao sistema respiratório”, acrescenta o coordenador da Comissão de Tabagismo da SBPT, Paulo César Rodrigues Pinto Correa, apontando que os cigarros eletrônicos são tóxicos e servem como porta de entrada para os cigarros convencionais.
Para Correa, o tema é alvo de manobras políticas e é preciso haver mais fiscalização e combate à comercialização dos cigarros eletrônicos. Sem isso, o aumento da venda ilegal seguirá como justificativa para apresentação e reapresentação de tentativas de liberação.