Caso Bernardo: Juçara Petry realiza um depoimento emocionado sobre o menino assassinado em 2014

A terceira e última testemunha a ser ouvida neste segundo dia do júri de Leandro Boldrini, em Três Passos, foi uma das pessoas que mais acolheu o menino Bernardo Uglione Boldrini, junto com sua família, nos últimos anos de vida da criança.

Juçara Petry e o marido, Carlos, recebiam com frequência a visita de Bernardo na casa deles. Tia Ju, como era chamada pelo menino, chorou ao lembrar dos momentos juntos. Para ela, Bernardo tinha uma carência afetiva muito grande. “A gente não sabia o que fazer para ajudar. Ele não abria a dificuldade dentro de casa. Muitas vezes a gente tentava questionar e ele desviava o assunto”, afirmou.

Sobre o relacionamento em casa, Bernardo não falava do pai, mas deixava claro que ele e Graciele não se gostavam. “Ele [Bernardo] amava muito o pai e a irmã”. Já a madrasta chegou a dizer à Juçara que o enteado era “um estorvo”.

Mãe de dois filhos já adultos, Juçara passou a considerar Bernardo uma espécie de terceiro filho afetivo. O descreveu como um menino amoroso, que gostava de colo e que era muito carinhoso. O casal o ajudava nos trabalhos de aula, cuidava da sua apresentação e higiene pessoal.

Certa vez, Bernardo contou que não iria fazer a “primeira comunhão” porque não tinha roupa adequada e porque Leandro e Graciele iriam viajar, e ele não iria sozinho. Juçara o levou para comprar a roupa e foi ela quem entregou a vela ao menino. “Compramos a carne para o almoço e um bolo para celebrar”, contou.

Durante todo este dia, Bernardo tentou ligar para o pai para contar o que aconteceu. “Ele ficou até o finalzinho da tarde conosco e conseguiu falar com o pai. O Boldrini foi buscar ele, mas já estava noite”. Páscoa, aniversário e Dia dos Pais foram algumas das datas que Bernardo passou ao lado da família Petry.

Juçara contou que foram “inúmeras as vezes” em que ela e o esposo levavam Bernardo para casa, mas que tinham que retornar com o menino, pois ninguém atendia. “Ele (Leandro) devia estar trabalhando, mas ela (Graciele), tu via que tinha alguém em casa, só que não abria a porta para o guri”.

A testemunha também chorou muito ao relembrar da última vez em que encontrou com Bernardo, e o júri precisou ser pausado. “Era um pedacinho meu”, afirmou, bastante emocionada. O encontro aconteceu na quarta-feira, dia 02 de abril de 2014, dois dias antes do desaparecimento do garoto. Bernardo foi até o trabalho de Juçara, comentou que não tinha almoçado e ela deu dinheiro a ele para comprar um lanche. O garoto ainda retornou para devolver o troco. Depois disso, não se viram mais.

Fonte: Rádio Alto Uruguai
Foto: Márcio Daudt / Dicom TJRS

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