Caso Bernardo: saiba como foi o primeiro dia de júri em Três Passos que tem como réu Leandro Boldrini
Iniciou nesta segunda-feira, 20, novo julgamento de Leandro Boldrini, pai de Bernardo Uglione Boldrini, segundo o Ministério Público (MP), o pai da vítima foi mentor do crime que resultou na morte do filho, Bernardo, de 11 anos, em abril de 2014. O réu responde por homicídio qualificado, ocultação de cadáver e falsidade ideológica. O novo júri acontece no Fórum da Comarca de Três Passos e tem previsão de duração de três dias. A Juíza de Direito Sucilene Engler Audino preside o Tribunal do Júri.
Anulação
Em 2019, Leandro foi condenado a 33 anos e 8 meses de prisão (30 anos e 8 meses por homicídio, 2 anos por ocultação de cadáver e 1 ano por falsidade ideológica).
O júri foi realizado no mesmo local, no Salão do Júri da Comarca de Três Passos, e também foi presidido pela Juíza Sucilene. Com cinco dias de duração (mais de 50 horas) foi o primeiro julgamento transmitido ao vivo pelos canais de comunicação de Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul e veículos de comunicação.
Apenas o julgamento de Leandro Boldrini foi anulado. No final de 2021, a 1ª Câmara Criminal do TJRS considerou que houve quebra da paridade de armas (igualdade de tratamento entre as partes do processo em relação ao exercício de direitos e deveres, bem como à aplicação de sanções processuais), durante o interrogatório do médico.
Dia do júri
O julgamento estava previsto para iniciar às 9h30, no entanto após sorteio dos jurados, a sessão no plenário começou por volta das 10h30. Dos sete jurados escolhidos para o Conselho de Sentença, sete são homens e uma é mulher.
No início dos trabalhos do júri, o Ministério Público representado pela Promotora de Justiça Lúcia Helena de Lima Callegari e pelo Promotor de Justiça Miguel Germano Podanosche, apresentam as provas irrepetíveis antes da oititiva da primeira testemunha em um total de dez testemunhas.
A primeira prova que consta nos autos do processo, reproduzido em plenário, é de um vídeo de cerca de 30 min, que mostra em imagens Leandro Boldrini e Graciele Uglini, nos fundos do vídeo, é possível ouvir Bernardo gritando por socorro inúmeras vezes, no início da reprodução do vídeo, Leandro Boldrini pediu para sair do plenário, em instantes ele acabou voltando.
Testemunhas
Ao todo, serão ouvidas 10 testemunhas. Pela acusação, foram arroladas cinco pessoas: as Delegadas de Polícia que atuaram no caso, uma Psicóloga e uma vizinha que cuidava de Bernardo com frequência. Todas já ouvidas no julgamento realizado há quatro anos.
A defesa de Leandro solicitou a oitiva de seis testemunhas. São ex-funcionários do médico, que trabalharam com ele em casa, no hospital ou na clínica, e também um primo dele.
A ex-secretária de Boldrini, também já ouvida no júri anterior, foi requisitada pelas duas partes.
Primeira testemunha
Por volta das 14h15min foi retomado o julgamento de Leandro Boldrini. Na primeira hora da tarde depondo em juízo, a delegada de Polícia Civil, Caroline Bamberg Machado. Ela é arrolada pelo Ministério Público. O MP iniciou fazendo as perguntas para a delegada sobre o início das investigações.
A delegada, Caroline Machado, que iniciou as diligências sobre o desaparecimento do menino Bernardo depõe por mais de três horas e meia aos sete jurados que acompanham o júri. A delegada também relata os fatos quase que de forma cronológica em relação ao caso. Caroline relata como surgiram primeiras desconfianças de envolvimento da madrasta e amiga na morte de Bernardo.
Caroline descreveu o início das investigações e os depoimentos dos envolvidos. Durante o seu depoimento a policial frisou a participação de Edelvania Wirganovicz e dos outros acusados no crime. Ela recordou episódios de desaparecimento do medicamento Midazolan do hospital onde Leandro e Edelvania trabalhavam, pairando a suspeita nos dois.
A delegada detalhou no início do depoimento que ao comunicar Leandro, que o filho havia sido encontrado morto, o mesmo não demostrou nenhuma reação e ainda perguntou se havia alguma prova contra ele. A expectativa da assessoria de impressa do MP é que somente ela seja ouvida e que os depoimentos das testemunhas sejam retomados nesta terça-feira, 21.
Réu
Leandro Boldrini estava detido no presídio de Charqueadas. Para estar presente no júri, o réu foi conduzido neste domingo, 19, ao Presídio Estadual ao Três Passos e chegou logo cedo perto das 9h30 ao Fórum. No primeiro julgamento, ele foi condenado a mais de 30 anos, porém a defesa recorreu e obteve êxito. O julgamento foi anulado pelos desembargadores, por questões técnicas.
Fonte: Maicon Ferreira/ Luz e Alegria
Foto: Andre Santos