“Deram tiro de fuzil no peito da minha neta”, diz avô de bebê morta com os pais em Porto Alegre

O par de sapatinhos vermelhos que a pequena Alice Beatriz calçava quando completou um ano de vida estão intactos, desde o dia da festa. Após aquele 23 de setembro de 2018, os calçados permaneceram em posse dos avós da menina, que guardaram também a tiara que ela usava quando foi morta a tiros, junto aos pais, na saída do aniversário, no bairro Rubem Berta, na zona Norte de Porto Alegre. “O dia em que a polícia nos entregou os sapatinhos e a tiara, foi muito triste. Era eu lavando e o sangue saindo”, relembrou a avó da criança.

A mulher de 52 anos, que pediu para não ter o nome divulgado, é mãe de Douglas Araújo da Silva, de 29, apontado como alvo do ataque. Segundo a Polícia Civil, ele seria gerente de uma facção na Vila Safira, no bairro Mário Quintana. A posição, considerada elevada na hierarquia do crime organizado, o colocaria na mira de traficantes rivais, que visavam o controle da venda de drogas na localidade.

A mãe de Douglas, no entanto, descarta que ele fosse o único alvo dos disparos. “Se quisessem matar só o meu filho, pegariam ele na ida para a festa. Esperaram ele sair, com a bebê no colo”, destacou.

Dos seis acusados pelo crime, cinco seriam julgados no último dia 21 de setembro, mas o júri acabou sendo cancelado em razão do número insuficiente de jurados. Um novo julgamento foi remarcado para o dia 23 de novembro.

Todos os réus vão responder por três homicídios triplamente qualificados – quando há motivo torpe, perigo comum e uso de recurso que dificultou a defesa das vítimas – e associação criminosa. Sobre eles ainda incide a majorante, devido à morte de uma criança menor de 14 anos.

Passados mais de cinco anos desde o assassinato da família, a avó de Alice ainda nutre esperanças sobre a condenação dos réus. “Espero por isso há mais de cinco anos, eles tem que pagar pelo que fizeram. É o mínimo que merecem, por matar uma bebê que nem caminhava e outro, que ainda não tinha nascido”, conta ela, acrescentando que a mãe de Alice, Sabrine Panes Rodrigues, de 24 anos, estava grávida de quatro meses quando foi morta.

 

Fonte: Correio do Povo

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