— As pessoas têm deixado, cada vez mais, de andar com dinheiro vivo. Um dos únicos bens que ainda são transportados diariamente é o celular. E ele tem um valor intrínseco. Alguns valem R$ 5 mil, R$ 10 mil, depende da marca e do modelo. Por isso que os smartphones são tão atraentes assim — afirma o delegado Cleber dos Santos Lima, diretor da Delegacia de Polícia Regional de Porto Alegre.
Os dados obtidos junto à SSP/RS apontam para uma média anual elevada de roubos e furtos no Rio Grande do Sul. Considerando cada um dos últimos quatro anos, o número de notificações sempre ultrapassou a marca de 13 mil.
Apesar da redução de 28,9% no agregado dos indicadores de 2019 para 2020 (ano marcado pelo início da pandemia de coronavírus no Brasil e pela implementação de políticas de distanciamento social), em 2022 os números quase voltaram ao patamar de 2019, com alta de 24,9% em relação a 2021.
Esta alta registrada no Estado supera a média nacional, em que os indicadores subiram 17,1% (2021-2022). Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em todo o país, ocorreram 999.223 furtos e roubos de celulares no ano passado.
Receptadores impulsionam furtos e roubos
Porto Alegre soma 3.712 registros policiais, um terço das ocorrências de todo Estado. Os furtos também são maioria, mas os roubos de smartphones representam uma parcela um pouco maior do que em nível estadual: chega a 30%.
— Um celular só é furtado ou roubado porque existe um mercado que adquire este bem — avalia o delegado Cleber dos Santos Lima.
Nesta semana, a Secretaria da Segurança Pública deflagrou a 6ª edição da Operação Mobile Integrada em 23 municípios gaúchos. A força-tarefa busca reduzir os indicadores de furtos e roubos de pedestres através do combate ao comércio ilegal de aparelhos.
Participaram da ação 375 servidores, que inspecionaram 122 endereços. De acordo com a SSP/RS, foram feitas 31 autuações, 16 celulares foram apreendidos e 10 pessoas acabaram presas.
— Nós já prendemos em torno de 50 pessoas que compraram telefones roubados. Pela internet, na sua grande maioria. Elas acham que não vai dar em nada. Muito pelo contrário. É crime e gera muitas prisões — afirma o titular da 4ª Delegacia de Polícia (DP), Arthur Raldi.
O delegado, que atua em Porto Alegre, menciona como exemplo o enfrentamento a roubos e furtos de veículos no Estado. De acordo com Raldi, os índices criminais de anos atrás começaram a ser revertidos, principalmente, pela repressão às receptações:
— A partir do momento que se fechou o cerco contra a receptação, contra os desmanches, foi possível fazer com que as pessoas parassem de comprar, fechando as lojas que comercializavam peças roubadas. E sem compradores, houve a diminuição da busca (através de roubos e furtos) desses bens para revenda. Se as pessoas deixarem de adquirir telefones roubados, certamente, os outros crimes irão cair.
Fonte: GZH.