EMPRESAS DE PEQUENO PORTE DO RS, CRESCEM NO EXTERIOR

De todos os negócios sediados no Rio Grande do Sul que vendem mercadorias para fora do país, 40,47% têm faturamento anual máximo de R$ 4,8 milhões. Uma parte deles é composta por empresas de pequeno porte, que somavam 647 no ano passado, e o restante é formado por microempresas ou Microempreendedores Individuais (MEI), número que chegou a 670. “É muito expressivo”, observa o analista de Competitividade Setorial Sebrae-RS Leonardo Ritta, destacando um dado do Perfil das Firmas Exportadoras Brasileiras de 2023. O documento mostra que menos de 1% das companhias brasileiras exporta, considerando-se todos os tamanhos, mas o analista lembra que é importante avaliar os números absolutos.

“É um percentual muito pequeno de empresas, apesar de a gente ter um número absoluto enorme. Isso mostra uma oportunidade importante de expansão para o exterior”, avalia. Em dez anos (2013-2023), o número de pequenos e microempreendedores, no Brasil, vendendo produtos e serviços para outros países cresceu 120%, enquanto as médias e grandes empresas aumentaram 29%. Atualmente o Rio Grande do Sul é o segundo estado brasileiro com maior participação de pequenos e micro negócios exportadores no país, representando 11,7% do total e perdendo apenas para São Paulo, com 40,8%.

Interesse em começar

Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec), muitas empresas têm demonstrado interesse em começar a abrir mercado no exterior e solicitaram à pasta estudos para avaliar as possibilidades. O programa Exporta RS atendeu 149 municípios até março deste ano. Os que têm mais empresas inclinadas a exportar são Caxias do Sul, com 132, Porto Alegre, com 101, e Bento Gonçalves, com 38. Boa parte delas é pequena e precisa de apoio e informações para desenvolver estratégias e aumentar as chances de dar certo em outros países.

O planejamento é um dos pontos fundamentais para iniciar essa jornada, mas também para se manter nela, conforme Ritta. Ele explica que dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) indicam que 65% das empresas têm chance de sobreviver no mercado externo após o primeiro ano.

“Tem uma parcela considerável que não sobrevive a um ano por questões bem específicas. O processo de internacionalização tem que ser pensado para ser perene. É um projeto a longo prazo que pode sofrer oscilações que devem ser consideradas. Muitas empresas dimensionam mal o investimento, ou a mão de obra necessária”, destaca Leonardo Ritta.

Segundo ele, o cálculo do preço do produto, por exemplo, deve considerar, além dos custos da produção, outras variáveis como o câmbio, os valores para fazer a operação externa, tarifas, representação e aumento de presença on-line. “Se dimensionar mal o preço, pode não conseguir sustentar essa operação.” Contudo, se o estudo for bem feito, há uma boa possibilidade de retorno sólido para as empresas ao longo dos anos.

O analista do Sebrae-RS entende que o diferencial das empresas que decidem se aventurar fora das fronteiras brasileiras está além de documentos e papeladas de autorização e taxas. “As questões burocráticas são relativamente simples de fazer. Houve uma evolução grande nas últimas décadas do sistema de exportação. A maioria do processo é feita on-line e não tem mais tanta barreira para se internacionalizar, de modo que o que vai definir o sucesso da empresa no mercado exterior é o que ela faz além disso”, descreve, lembrando que existem escritórios especializados em ajudar os empreendedores neste processo.

Conhecer o próprio produto é uma das primeiras medidas a tomar, orienta o analista. É preciso verificar os processos, adaptar o produto ao mercado desejado e considerar a cultura e hábitos de consumo diferentes de cada país. Por isso, é importante realizar pesquisa sobre esses assuntos, além de passar a conhecer as regras locais, para fazer adaptação, criação de rótulos, entre outros itens.

As feiras setoriais e internacionais facilitam essas iniciativas. “São oportunidades para enxergar, na prática, o que está acontecendo no mercado, o que tem de tendência, como os pares estão produzindo, os tipos de máquinas utilizadas, como é feita a preparação de mão de obra”, afirma Ritta. Fora isso, o empreendedor pode entrar em contato com pessoas de todo o mundo que estão interessadas em fazer negócios.

Veja um passo a passo para começar a exportar (fonte: Leonardo Ritta)

  • Observar os aspectos produtivos e organizacionais (produtos adequados, peças de marketing em outras línguas, equipe treinada).
  • Conhecer o mercado-alvo, suas características e suas exigências.
  • Negociação com clientes em potencial.
  • Registro no Radar Siscomex da RFB e classificação fiscal do produto.
  • Confirmação de venda: envio de fatura pro-forma para iniciar o processo.
  • Entender as necessidades de antecipação, conversão ou de transferência, de acordo com a operação.
  • Pesquisa sobre as exigências necessárias para embalar o produto.
  • Organizar o envio do produto.
  • Emissão de nota fiscal e DU-E: com a NF emitida, pode-se providenciar a Declaração Única de Exportação (DU-E) no portal do Siscomex.
  • Documentos e desembaraço: invoice, certificado de origem e outras requisições são feitas neste momento, e, depois, é feito o desembaraço junto à Alfândega.
  • Despacho e averbação: depois do desembaraço, a carga está pronta para ser enviada e é despachada. Neste momento é feita a averbação, que confirma a saída do produto do Brasil.

 

Fonte: Correio do Povo.

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