EXPORTAÇÃO DE CARNE BOVINA DEVE BATER RECORDE

As exportações brasileiras de carne bovina devem encerrar 2024 com um volume total de 3,66 milhões de toneladas, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O resultado equivale a um crescimento de 17,3% em relação a 2023. A companhia projeta ainda nova alta, mais modesta, para 2025, atingindo 3,7 milhões de toneladas, um acréscimo de 2,5%.

A previsão é confirmada por especialistas no setor. Conforme o professor Júlio Barcellos, coordenador do Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (NESPro/UFRGS), a desvalorização do preço da carne na China permanecerá “pautando o mercado” e estimulando a demanda exterior. “No final de 2023, a China travou os preços e colocou em patamares mais baixos, em torno de 4,6 mil dólares a tonelada. Então, a carne exportada está com preço muito baixo para o principal destino. Dificilmente, haverá uma grande majoração de preços no ano que vem”, afirma Barcellos. “Certamente, isso vai estimular a população chinesa a consumir mais carne em virtude de que ela se colocou em patamares mais acessíveis para o consumidor”, acrescenta o professor.

A influência do preço atrativo no resultado da exportação é salientada pelo consultor Cesar Castro, do Itaú BBA, desde o início de agosto. “Nas exportações, os resultados também devem seguir favoráveis com o boi barato em dólares ajudando, apesar da desvalorização dos preços da carne na China e a desvalorização cambial no país asiático, impedindo uma reação no preço de embarque”, escreveu Castro.

Uma eventual majoração nos valores negociados é descartada por Barcellos, que considera difícil o estabelecimento de um cenário internacional que permita obter melhor cotação. Para Barcellos, o principal motivo está associado ao destino do produto nacional. “O Brasil exporta uma carne ingrediente. Ela é exportada para outras preparações alimentares, por meio de processos industriais. Essa carne vai participar de derivados, dos embutidos, de carnes com molho, e atinge camadas sociais de menor poder aquisitivo”, explica.

Em situação diferente está a carne com origem no Uruguai e na Argentina, comercializada em “mercados mais exigentes”. “É uma carne mais voltada para consumo direto, mais gourmetizada”, diz o professor.
De acordo com Barcellos, o aumento do preço do boi poderia ocorrer em razão da melhoria do consumo interno da proteína.

Entre janeiro e agosto de 2024, a participação da China na carteira de exportações da carne bovina brasileira atingiu 44%, segundo a Conab. O índice é seis pontos percentuais menor do que o verificado no mesmo período de 2023. “A diminuição do percentual da China ocorre em função de aumentos robustos em outros mercados, principalmente dos Emirados Árabes Unidos, Rússia e Filipinas. Outro importante importador no período são os Estados Unidos que, apesar de serem grandes produtores mundiais, estão importando mais produto uma vez que encontram um cenário de baixa oferta no próprio país”, analisa o gerente de Fibras e Alimentos Básicos da Conab, Gabriel Rabello.

A Conab considera que haverá uma queda na produção em 2025. Em 2024, o total deve fechar em 10,2 milhões de toneladas. Em 2025, conforme a companhia, seriam 9,78 milhões de toneladas.

 

Fonte: Correio do Povo.

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