FEMINICÍDIOS NO RS DEIXARAM 82 CRIANÇAS E ADOLESCENTES ÓRFÃOS EM 2023.
No total, sete feminicídios registrados ano passado foram cometidos na frente de crianças e adolescentes. A maior preocupação é com o futuro desses menores, que passam pelo trauma e deixam de contar com a proteção da mãe. Neste crime na Serra, o casal estava separado havia cerca de um ano, após episódios de violência doméstica. No entanto, o homem teria continuado perseguindo a mulher. Durante a madrugada, o autor ligou para o padrinho da filha e pediu que ele fosse até a casa dos ex-sogros buscar a criança, única sobrevivente dentro da casa. O homem foi até o local resgatar a afilhada.
— Eu cheguei e ele falou comigo pela janela do porão. Depois, abriu a porta da garagem, a bebê veio caminhando até mim e ele fechou a porta. Eu perguntei se estava tudo bem e ela disse: “O papai disse que o vô e a vó estão morando no céu e a mamãe está chorando”. Fiquei em choque — descreveu na época o padrinho, que foi o responsável por acionar a Brigada Militar, que localizou os corpos das vítimas no andar superior da casa e do autor no porão.
Segundo a promotora de Justiça, Ivana Battaglin, do Centro de Apoio Operacional de Enfrentamento à Violência contra a Mulher, uma das medidas adotadas é a alteração da guarda, que costuma ser repassada a algum familiar que possa acolher a criança. No entanto, quando isso não é possível, em alguns casos, os filhos precisam ser enviados para abrigos.
— O sistema de Justiça vai tomar providência em relação a essas crianças. Mas muitas vezes elas ficam desamparadas emocionalmente. Na nossa sociedade, cabe às mulheres o papel de cuidado. Não só com as crianças, mas com idosos e outras pessoas da família, sobretudo os filhos menores. Quando as mulheres morrem, elas (as crianças) ficam desamparadas. Isso desestrutura completamente a família inteira. Se o pai é o assassino, essa criança fica sem pai e sem mãe. Pois, muitas vezes ele acaba preso ou tirando a própria vida — afirma a promotora.
Fonte: GZH.