Homem que salvou 140 pessoas na enchente do RS: “Eu não ia deixar minha gente para trás”
Sergio Benini, morador de Roca Sales, cidade que foi devastada pelas enchentes no Vale do Taquari, se tornou um herói para a população daquela cidade. Com um pequeno barco, ele arriscou a própria vida ao para resgatar seus vizinhos.
Quando a chuva começou, Benini estava fora do estado, fazendo um passeio no Paraná com sua esposa e amigos. Ele começou a receber mensagens em que vizinhos da comunidade descreviam a situação crítica na cidade. Imediatamente, ele pediu que preparassem o barco que possuía e que já havia sido utilizado em uma inundação no ano 2000.
Voltou para a cidade na segunda-feira (4), quando a cidade alagava rapidamente, e não imaginava que a situação seria a pior que já havia enfrentado. Às 21h, ele começou os resgates.
— Eu tirei mulheres e crianças do centro da cidade e, em meia hora, eu tive que tirar todos os homens porque a água ia invadir. Nesse meio tempo, a água subiu um metro, um metro e meio, uma coisa fora do normal — disse Benini.
Por volta de 1h da madrugada de terça-feira (5), Benini observou moradores aglomerados no forro de suas casas, debaixo dos telhados. Enfrentando a correnteza, ele se uniu aos amigos Luiz e Jeremias para cruzar a cidade e alcançar a área mais inundada. O perigo era extremo.
— Eu disse “ou nós vamos morrer ou eles vão morrer”, porque não tinha como esperar. No fim, tu não pensas. Eu moro a 8 quilômetros da cidade, eu não precisava estar na enchente, ninguém me pediu para estar lá — diz.
A situação se tornou ainda mais dramática quando ele se viu resgatando uma família desesperada. A mãe dessa família, segundo ele, chegou a ligar para seus filhos para se despedir, temendo pelo pior.
Enquanto Benini arriscava a vida para salvar os outros, sua própria família estava em desespero: não conseguia se comunicar com ele.
— Eu ganhei a minha medalha em honra ao mérito, que foi salvar 140 pessoas. Isso para mim não tem preço. Eu não ia deixar minha gente para trás.
Ele é otimista em relação à recuperação da cidade.
— Acho que vai dar para reerguer a maioria das coisas. Espero muito.
Fonte: Entrevista GZH