MAIS DE 80% DOS MORTOS POR DENGUE NO RS EM 2024 TINHAM DOENÇAS PRÉ-EXISTENTES.
O Rio Grande do Sul já confirmou 17 óbitos por dengue em 2024 e, desses casos, apenas três pacientes não possuíam comorbidades, ou seja, não tinham doenças pré-existentes. Isso significa que 82,35% das vítimas já conviviam com alguma doença, como hipertensão, diabetes entre outras.
Conforme a bióloga Valeska Lizzi Lagranha, especialista em Saúde, do Programa de Arboviroses do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS), a dengue desregula o organismo, deixando o paciente mais suscetível ao agravamento das doenças pré-existentes. E isso pode levar ao óbito.
Outra característica comum entre as pessoas que morreram em decorrência da dengue no RS em 2024 é a idade elevada. De acordo com os dados disponibilizados pela Secretaria do Estado de Saúde do RS (SES), nove das 17 mortes, ou seja, mais da metade, registradas foram de pessoas com idade entre 70 e 79 anos.
Outra característica em comum dos óbitos por dengue registrados neste ano no RS é o tempo que os pacientes levaram para buscar auxílio médico. Valeska detalha que, em média, as vítimas levaram cerca de três dias, após o surgimento dos sintomas, para ir atrás de atendimento em alguma unidade de saúde, chegando já na fase crítica da doença. Em alguns casos, a pessoa chegou a esperar mais de cinco dias para buscar ajuda.
Alguns sinais de alerta da fase crítica da dengue são:
- Fortes e persistentes dores abdominais
- Sangramento de gengiva e nariz
- Vômito persistente
- Queda de pressão (tontura ao se levantar)
Conforme Valeska, a maioria dos pacientes que morreram por dengue no Estado relatou fortes dores abdominais.
A especialista também relatou outra situação em comum entre as vítimas fatais que chama a atenção, a frequência com que o paciente busca ajuda médica. De acordo com as informações obtidas em prontuários médicos e com os familiares, em média, as pessoas buscaram mais de uma vez atendimento médico. Em um dos casos, a vítima chegou a ir quatro vezes a alguma unidade de saúde até ser identificada a doença.
Localização dos óbitos
Conforme a divisão da SES-RS, a área de Caminho das Águas, que compreende Frederico Westphalen e outros municípios do norte do RS, foi a mais atingida neste ano. Seis dos 17 óbitos deste ano foram de moradores da região. O dado de 2024 já supera o total de registros fatais dos últimos nove anos em Caminho das Águas. Até então, tinham sido registradas apenas três óbitos na região.
A especialista em saúde explica que, dentro da epidemiologia, quando uma região é muito afetada por um vírus em um ano, a tendência é que no ano seguinte sejam registrados menos casos. Isso se deve à imunidade que as pessoas que tiveram a doença desenvolvem.