Cremers mantém posição contrária ao curso de Medicina da UFSM em Palmeira das Missões

O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (Cremers) publicou uma nota pública contrária à criação de um curso de Medicina pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), em Palmeira das Missões. A entidade alega que a proposta não atende aos requisitos legais, estruturais e acadêmicos exigidos para a formação médica no país.

Segundo o Cremers, o projeto apresenta falhas como a inexistência de hospital de ensino certificado, número insuficiente de programas de residência médica, inviabilidade dos campos de estágio e carência de infraestrutura compatível com a carga prática prevista nas Diretrizes Curriculares Nacionais. A nota também aponta a ausência de hospitais de alta complexidade na região e de corpo docente em quantitativo considerado adequado, além de destacar que o próprio anteprojeto do campus admite o envio de estudantes a Santa Maria para atividades práticas, o que seria impraticável para a Medicina.

Para o vice-presidente do conselho, Eduardo Neubarth Trindade, a iniciativa teria motivação mais política do que técnica. Ele lembra que o Colegiado do Curso de Medicina da UFSM classificou a proposta como “inadequada, irregular e impraticável” e afirma que a abertura de cursos sem estrutura compromete a qualidade da formação e a segurança da população.

Legislativo de Palmeira das Missões faz críticas ao posicionamento do Cremers

A manifestação do Cremers foi duramente criticada durante a sessão da Câmara de Vereadores de Palmeira das Missões realizada nesta segunda-feira, 15. Em discurso na tribuna, o secretário municipal de Saúde, Sidi Oliveira, repudiou a nota da entidade e anunciou a intenção de protocolar um voto de repúdio. Segundo ele, a posição do Conselho representa uma tentativa de elitização da profissão médica e não contribui para a ampliação do acesso da população aos serviços de saúde.

Sidi afirmou que o posicionamento do Cremers não é isolado e já teria ocorrido em outras ocasiões, como na implantação de cursos em municípios do interior. O secretário também destacou que a criação do curso de Medicina em Palmeira das Missões não é uma promessa política, mas uma decisão institucional da UFSM em conjunto com o Ministério da Educação, reforçando que o município deve demonstrar unidade e apoio à proposta.

Ainda conforme o secretário, a ampliação da formação médica tende a qualificar o atendimento à população e reduzir dificuldades históricas na contratação de profissionais. Ele citou como exemplo a contratação emergencial realizada no ano anterior, que registrou aumento significativo no número de médicos inscritos, atribuindo o cenário à perspectiva de implantação do curso no município.

O debate em torno do tema segue mobilizando lideranças políticas e comunitárias, com posições divergentes entre entidades de classe e representantes locais quanto aos impactos e à viabilidade da instalação do curso de Medicina em Palmeira das Missões.