Seguro rural cobre só 10% das lavouras no RS e Fetag alerta para risco crescente na safra
A agricultura gaúcha, cada vez mais atingida por problemas climáticos, tem a cada safra redução na área de lavouras protegidas pelo fundamental mecanismo de proteção do seguro rural. Neste ano-safra 2025/2026, apenas 10% das lavouras estão cobertas pelo Programa de Seguro Rural ou pelo Proagro.
Esta constatação e outras avaliações sobre a agricultura e pecuária do Rio Grande do Sul foram apresentadas na última terça-feira, 2, pela diretoria da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag/RS) no tradicional encontro com a imprensa para avaliar o ano que se encerra e projetar o período seguinte.
Os principais problemas e desafios da agropecuária gaúcha ocorrem, sobretudo, em razão dos problemas climáticos, como as estiagens recorrentes e a enchente de maio de 2024, assim como por muitas cotações inferiores aos custos de produção. E o provável fenômeno La Niña acena com a possibilidade de chuvas aquém do necessário nas próximas semanas nas lavouras do Estado.
Segundo informações apresentadas pela entidade, a área coberta pelo Proagro caiu de 17% a 19% em 2023 para 8,8% neste ano, ou para 1,1 milhão de hectares (metade da área de 2020), visto uma série de restrições aos agricultores no acesso ao crédito.
Já o seguro rural saiu de 20% do total das plantações na safra 2020/21 para apenas 1,88% em 2025, ou 237 mil hectares – eram 2,530 milhões de hectares em 2020. “Noventa por cento da área não tem cobertura. É um dado que nos preocupa muito”, avaliou Kaliton Prestes, secretário-executivo da entidade.
Outro dos problemas abordados e foi a diminuição de acesso ao crédito pelos agricultores e pecuaristas familiares via Pronaf. Entre julho a novembro de 2024 e o mesmo período deste ano houve redução de 112.324 contratos para 79.682 para agricultores, ou queda de 29,1%, e para pecuaristas familiares, de 27.757 para 23.277, ou -16,2%.
No ano passado, o crédito financiou um total de 1,008 milhão de hectares, contra 712 mil em 2025, ou quase 300 mil hectares a menos (-29,42%). O endividamento que atingiu uma parte considerável dos agricultores após a estiagens explica a dificuldade de acesso a linhas para custeio.
No caso do arroz, os preços acumulam quedas de 40% em um ano, com as cotações da saca entre R$ 54,85 e R$ 58,40, enquanto os custos de produção estão estimados pelo Cepea entre R$ 87,88 e R$ 93,19.
E no leite o setor vivencia uma situação drástica, com preços ao produtor em quedas mensais sucessivas, inclusive com a danosa importação de leite em pó dos países do Mercosul e com as indústrias importadoras recebendo incentivos fiscais.
A Fetag/RS ainda listou outros gargalos que atravancam o desenvolvimento dos agricultores familiares. Como a regularização fundiária pendente que atinge, segundo estimativa da entidade, 84 mil propriedades com alguma pendência de documentos.
Em meio às crises de algumas atividades agrícolas e pecuárias, muitos agricultores familiares têm na comercialização de produtos industrializados artesanalmente uma fonte de renda. Segundo estimativa da Fetag, um total 15 mil famílias agricultoras e pecuaristas promovem a venda direta dos chamados “produtos coloniais”, o que movimenta entre R$ 300 milhões e R$ 450 milhões por ano.
Publicado por

Susi Cristo
jornalismo@universallfm.com.br
Publicado em: 09/12/2025, 08:45
Rádio Universal
Nenhum programa no ar

