PREÇO DO CAFÉ SOBE E SETOR ESPERA MAIS ALTAS DIANTE DE SECA E QUEIMADAS
A estiagem severa e as queimadas que afetam cafezais no Brasil aumentam a pressão sobre o preço do café no país, que segue em elevação. Uma das principais e mais tradicionais bebidas no cardápio dos brasileiros, o produto apresenta uma alta de 9,66% no acumulado deste ano até agosto na Grande Porto Alegre. O dado é do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país.
Problemas climáticos na produção no âmbito internacional e nacional estão entre os principais pontos que explicam essa alta, segundo especialistas. Como o clima seco segue sobre o país, integrantes do setor alertam para a manutenção de problemas na oferta e no desenvolvimento do fruto para os próximos meses, o que deve colocar mais um peso sobre o valor do alimento. O cenário acende alerta a consumidores e empresários do ramo de cafeterias.
O diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Celírio Inácio da Silva, destaca a sequência de problemas climáticos na produção nos últimos anos, com geadas e secas, nessa escalada dos preços.
Outro ingrediente que aumenta a pressão sobre o custo do café é a produção abaixo do esperado em países com peso importante na produção, como o Vietnã, segundo Silva. Com a demanda pelo café brasileiro aumentando em um cenário de corrida pelo produto, o valor do item sobe.
Como o país segue sofrendo com a crise hídrica e avanço das queimadas, Silva estima que essas pressões deverão continuar atuando sobre a indústria e o mercado do café em um ambiente com maior disputa pelo produto e grãos menos desenvolvidos.
Dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) também mostra café mais caro no Estado. Em Porto Alegre, o item apresenta alta de 21,35% no acumulado do ano até agosto dentro da cesta básica apurada pelo órgão.
Efeito nos serviços
Empresários dos ramos de torrefação e de cafeterias no Estado observam com angústia o cenário da produção do café no país. Junto com os problemas, cresce a apreensão sobre a evolução dos custos nos próximos meses.
Guert Schinke, sócio-proprietário da Baden Torrefação de Cafés, localizada no bairro Passo d’Areia, já começou a observar mudanças no preço do produto. Orçamento recente com um dos principais fornecedores aponta altas que chegam até os 30%, segundo Schinke.
Fonte: GZH.