PROPORÇÃO DE CANDIDATOS JOVENS CAI AO NÍVEL MAIS BAIXO EM DUAS DÉCADAS NO RS

A proporção de candidatos jovens caiu de forma significativa no Rio Grande do Sul nestas eleições. O percentual de concorrentes com idade até 29 anos variou de 7,7% na eleição anterior para 5,6% agora, de acordo com os registros oficiais do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) — patamar mais baixo, pelo menos, desde o começo dos anos 2000 segundo levantamento realizado por Zero Hora com base nos dados disponíveis no site da Justiça Eleitoral.
 
O cenário gaúcho reflete uma tendência demonstrada também em nível nacional, indicando uma possível redução no interesse dessa faixa etária em participar diretamente da política pela via partidária no país. O cientista político da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Paulo Peres afirma que será importante avaliar os números da próxima disputa municipal para verificar se é uma oscilação momentânea ou uma tendência consolidada.
 
Como essa variação de 2,1 pontos percentuais incide sobre uma cifra que já era pequena, resulta em um recuo expressivo de 27% na proporção de candidaturas de jovens.
 
— Não chega a ser uma queda vertiginosa, então ainda é difícil saber se é apenas um “soluço” ou um padrão estabelecido de declínio. Se for uma tendência de fato, pode ser algo relacionado à questão demográfica, já que a nossa população vem envelhecendo, ou até um possível desencantamento com a política institucional-partidária em favor de outros meios de participação — analisa Paulo Peres.

Conforme os censos populacionais de 2010 e 2022, a população gaúcha entre 18 anos (idade mínima para se candidatar a vereador) e 29 anos (limite estabelecido na legislação federal para classificação como “jovem”) recuou 14% em números absolutos em pouco mais de uma década. O total passou de 2,1 milhões de pessoas para 1,8 milhão ao longo desse período. Em termos proporcionais, respondiam por 20% de todos os gaúchos e agora representam uma fatia de 17%.

A mudança demográfica ajuda a explicar em parte a menor presença dessa parcela da população nas urnas, mas não justifica toda a queda abrupta verificada pelo TSE em um período mais curto de tempo.

Houve uma diminuição geral no número de candidatos aos cargos de vereador, prefeito ou vice-prefeito no Estado desde 2020 independentemente da data de nascimento, sugerindo uma menor disposição de todos os grupos de idade em se lançar a um cargo eletivo municipal. O universo de 33,5 mil concorrentes registrados quatro anos atrás se reduziu agora a 28,9 mil (-14%). Mas a redução foi mais intensa justamente entre os mais jovens: em números absolutos, a quantidade de candidatos com menos de 30 anos despencou de 2.576 para 1.644, em um declínio de 36%.

— Há várias hipóteses. Espaço nos partidos existe, principalmente para a disputa de vereador. Poderíamos, então, avaliar a motivação do jovem em se candidatar — complementa Peres.

Fonte: GZH.

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