RS LEVARÁ 8 MIL ANOS PARA RECUPERAR FERTILIDADE DOS SOLOS DESTRUÍDOS PELAS ENCHENTES
Apesar de a perda de solo e nutrientes representar um prejuízo financeiro menor na comparação com as produções agropecuárias arruinadas, a devastação da superfície natural é definida como o dano mais grave à atividade rural decorrente da enchente de maio. A avaliação é dos professores Renato Levien, Michael Mazurana e Pedro Selbach, do Departamento de Solos da Faculdade de Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e integrantes da Associação de Conservação de Solo e Água.
Nos cálculos dos professores, a perda de produtos chegou a um valor de, pelo menos, R$ 19,4 bilhões. Em relação ao estrago provocado na terra, o prejuízo é estimado em mais de R$ 6 bilhões. A diferença matemática tem uma contrapartida: o solo é um recurso natural não renovável.
No estudo “Maio vermelho: o impacto do evento climático extremo na agropecuária gaúcha”, os professores apontam que 106,8 mil hectares das sete mesorregiões gaúchas tiveram até 20 centímetros da camada superficial levados pela enxurrada. Nas áreas na qual a erosão atingiu os 20 centímetros, a recuperação natural exigirá oito mil anos.
A reconstituição da fertilidade será mais rápida, mas exigirá um aporte de R$ 2,2 bilhões, “sem considerar os custos de frete dos insumos e distribuição nas lavouras”, diz o texto do artigo.
Cada região, exigirá uma atenção específica. “O solo do Planalto tem uma profundidade de quatro ou cinco metros. As regiões mais de coxilha são muito rasos. Têm 50 centímetros de profundidade”, diz Levien.
Para estabelecer o custo de mais de R$ 6 bilhões relacionados à perda de solo e nutrientes, os pesquisadores observaram a extensão de terra atingida, à qual foi atribuída o preço de mercado praticado em cada mesorregião.
Na conta dos nutrientes, o estudo considerou a presença de substâncias como fósforo, potássio, cálcio, magnésio e o teor de matéria orgânica, para cálculo do nitrogênio. Baseados nas toneladas de solo perdidas por erosão e no teor dos nutrientes, calculou-se a perda sendo depois transformados em fertilizantes e corretivos empregados por agricultores.
Fonte: Correio do Povo.